Microsseguro: proteção e resiliência para todos
Ao longo da vida estamos sujeitos a uma infinidade de riscos. Idealmente, todos deveriam ser capazes de avaliar o impacto e a frequência desses acontecimentos para então definir a melhor forma de proteção. Uma possibilidade é a transferência de parte ou todo o risco através do seguro.
Em muitos países em desenvolvimento, a baixa renda de parte das suas populações limita ou até mesmo inviabiliza a utilização desse importante instrumento de proteção. Esse efeito pode ser observado, por exemplo, no Brasil, através da baixa participação dos prêmios segurados em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) nacional, comparativamente aos países desenvolvidos. Mas como permitir que essa camada relevante da população tenha acesso à proteção de que necessita?
Buscando uma resposta adequada para esse desafio, o mercado segurador criou o microsseguro. Sua principal finalidade é promover a inclusão social e financeira das pessoas de menor renda, dos microempreendedores individuais e das empresas de pequeno porte, reduzindo a sua vulnerabilidade a eventos adversos e fortalecendo a sua capacidade de recuperação.
No Brasil, o produto também contribui para proteção dos avanços sociais e econômicos conquistados por milhões de brasileiros que saíram da pobreza nas últimas décadas, oferecendo coberturas simples e padronizadas, com prêmios proporcionais aos riscos envolvidos. De uma forma simples, o microsseguro pode ser visto como um instrumento inclusivo para ajudar no planejamento financeiro de todos.
Conforme definido pela Resolução CNSP nº 409/2021, o microsseguro pode ser oferecido pelas seguradoras autorizadas a operar no país. A comercialização e o atendimento dos interessados costumam ser feitos através de canais digitais, buscando assim garantir a agilidade na contratação e no relacionamento, ao mesmo tempo em que são mantidos os custos baixos.
Durante a contratação do seguro é importante levar em consideração aspectos culturais, educacionais e de renda, além dos hábitos de consumo e os riscos aos quais a pessoa a ser protegida está sujeita. Entender as proteções é tão importante quanto entender quais são os riscos excluídos definidos na apólice.
As modalidades de microsseguro variam de acordo com o tipo de risco coberto, o público-alvo e o mercado. Algumas das modalidades mais comuns são: vida, saúde, propriedade, agrícola e funeral. Cada uma delas tem suas próprias características, benefícios e desafios.
Entre as coberturas disponíveis, destacam-se as proteções para riscos específicos, como doenças, acidentes, mortes, roubos ou desemprego. Através do pagamento de prêmios regulares e acessíveis, proporcionais à probabilidade e ao custo do risco envolvido, o segurado tem direito à indenização em caso de sinistro dentro das condições estabelecidas.
O mercado de microsseguro é um segmento em expansão, tanto no Brasil quanto em outros países. Estima-se que o mercado potencial para a venda do produto no país seja de 128 milhões de brasileiros, considerando-se o público-alvo dessa modalidade de proteção que engloba pessoas com renda de até três salários-mínimos.
No mundo, o potencial é ainda maior, podendo atingir cifras acima de 120 bilhões de dólares até 2030. Para ampliar a viabilidade financeira desse modelo de negócios e a inclusão securitária, alguns desafios precisam ser superados.
Além da simplificação dos produtos e a ampliação dos canais de distribuição, o uso intensivo da tecnologia e a educação financeira dos consumidores são essenciais para a difusão do microsseguro. A nova regulamentação do produto no Brasil busca enfrentar esses desafios, estimulando a inovação e a concorrência, sem comprometer a proteção dos consumidores.
Isso abre espaço para a atuação especializada de seguradoras. Além da utilização de corretores especializados em microsseguros, há um esforço para ampliação dos canais de distribuição, utilizando-se meios remotos e representantes, aumentando as formas de identificar e atender as necessidades do público-alvo.
O microsseguro contribui para a redução da vulnerabilidade e da desigualdade social, estimulando o empreendedorismo, a poupança e o consumo. É também uma grande oportunidade para estimular o mercado segurador, promovendo o desenvolvimento econômico e social sustentável.