Open Finance promete revolucionar a vida financeira
“A commodity mais valiosa que eu conheço é a informação”. Essa frase de Gordon Gekko, personagem interpretado por Michael Douglas no filme Wall Street, de 1987, define bem a importância dos dados na nova economia.
Com o avanço da tecnologia, a capacidade de processamento e análise de informações aumentou exponencialmente, revolucionando a maneira como vivemos, nos relacionamos e fazemos negócios. E foi pensando nessas mudanças que o Banco Central do Brasil deu início, em 2019, a iniciativa do Open Banking.
À medida que o processo foi sendo implantado, novas possibilidades de expansão surgiram. Todo um universo de finanças descentralizadas, além do segmento de seguros e previdência tratado pela Susep no Open Insurance, foram incorporados à inciativa que passou a ser chamada de Open Finance pela sua abrangência.
Os principais objetivos desse novo ecossistema são a inovação do sistema financeiro, o aumento da concorrência e da inclusão, e a melhora na oferta de produtos e serviços financeiros. Nele, o cliente é o ponto central e principal beneficiário dos novos modelos de negócio e serviços que prometem revolucionar o mercado.
Isso porque esse ambiente ajuda a reduzir uma das principais falhas de mercado: a assimetria informacional. Esse desequilíbrio surge quando uma das partes envolvidas não tem conhecimento de informações relevantes e fundamentais para o bom andamento do relacionamento.
O cliente, por exemplo, pode não estar ciente de todas as alternativas disponíveis e ignorar as soluções mais adequadas ao seu perfil, o que pode levá-lo a contratar a primeira opção que lhe é oferecida, seja pela comodidade ou pela dificuldade de buscar soluções alternativas.
Já o provedor de produtos e serviços pode desconhecer as circunstâncias de vida e as intenções do cliente, especialmente a sua propensão em honrar os compromissos assumidos. Essa insegurança afeta, principalmente, o preço, as condições de pagamento e as garantias necessárias para o fechamento do negócio.
Com o compartilhamento de dados padronizados, ambas as partes passam a ter uma visão mais completa e abrangente do negócio. Afinal, quanto mais acesso às informações essenciais, maiores as chances de avaliar os riscos e as oportunidades corretamente, encontrando, assim, a melhor solução para o objetivo de cada um.
As empresas financeiras e as seguradoras passam a conhecer melhor o cliente e acessar seu histórico de relacionamento no mercado, os produtos de crédito, investimentos, seguros e previdência contratados. Isso permite customizar a experiência e direcionar a oferta, mudando significativamente a forma de prospecção, atração e retenção.
Para os clientes, é possível personalizar a sua vida financeira. Com acesso a uma gama maior produtos e serviços, torna-se muito mais fácil comparar preços, custos, rentabilidades, coberturas e condições para escolher a opção e o fornecedor que melhor atendam às suas necessidades e objetivos.
Desta forma, será possível descentralizar a vida financeira. O usuário poderá, por exemplo, contratar um crédito imobiliário com o banco X que oferece a melhor taxa; ter conta corrente no banco Y que não cobra tarifa; ter o cartão de crédito sem anuidade e com melhor programa de recompensas da fintech Z; a proteção do carro com a seguradora W e a cobertura de responsabilidade civil com a seguradora Q; e assim sucessivamente.
Para controlar e gerenciar tudo isso, já estão disponíveis aplicativos que centralizam todas essas informações de maneira simples e intuitiva. Muitos permitem, inclusive, iniciar e executar transações e pagamentos dentro da própria ferramenta, evitando que o usuário tenha que acessar cada conta individualmente.
Um grande avanço do Open Finance é justamente a inclusão das Fintechs e Insurtechs no ambiente de negócios, o que ajuda a derrubar as barreiras de entrada e aumentar a competitividade entre os participantes. Com isso, espera-se que novos produtos e serviços sejam criados, preços e taxas sejam reduzidos e a jornada e experiência do cliente tenham cada vez mais valor para dinamizar, expandir e aumentar a eficiência do mercado financeiro nacional.
E tudo isso mediante o consentimento do cliente. É ele quem escolhe quais dados podem ser utilizados pelas instituições e por qual período. A revogação dessa autorização pode ser feita a qualquer momento e ser direcionada a uma, algumas ou todas as empresas com as quais se relaciona. Cuidado e sabedoria são fundamentais na hora de escolher com quem compartilhar os dados, afinal, informação vale ouro!