A taxa de juros e seus efeitos na economia e vida das pessoas
Taxa de juros é um tema recorrente e que causa grande repercussão. Debatida em fóruns especializados ou em rodas de “entendidos”, vem ganhando cada vez mais destaque nas mídias. Mas por que esse assunto é tão importante?
O responsável por definir a meta da taxa de juros, conhecida como Selic, é o Banco Central do Brasil (BCB). A análise e revisão dessa taxa é realizada periodicamente nas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM). Eventuais ajustes visam, principalmente, o controle da inflação, assegurando que os limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) sejam observados.
A taxa Selic serve de base para todas as demais taxas de juros do mercado, influenciando no retorno dos investimentos e no custo das operações de empréstimos e financiamentos. Isso impacta diretamente as empresas e a vida das pessoas, influenciando as suas decisões de investimento, consumo e poupança.
Quando a taxa Selic aumenta, há um aumento, também, das taxas utilizadas nas operações de crédito, elevando o seu custo. E, com o custo maior, a tendência é que haja maior cautela por parte dos tomadores, levando a uma redução no investimento produtivo por parte das empresas e, também, no consumo das famílias.
Simultaneamente, a elevação das taxas aumenta a rentabilidade das aplicações em títulos de renda fixa. Isso torna os investimentos financeiros mais atrativos, estimulando a poupança dos agentes econômicos. Essa combinação de efeitos faz com que os preços dos bens e serviços reduzam ou se estabilizem com o tempo, contribuindo para a queda da inflação.
Por outro lado, quando a inflação está baixa, o Banco Central pode reduzir a taxa de juros. Isso faz com que as operações de crédito fiquem mais baratas, estimulando o investimento produtivo das empresas e o consumo das famílias. A redução na rentabilidade das operações de renda fixa, torna os investimentos financeiros menos atrativos, desestimulando os poupadores.
Esse aumento na demanda, quando suportado pela capacidade produtiva e a disponibilidade de mão de obra, ajuda a reduzir o desemprego, aumentar o PIB e a produção de riquezas. No longo prazo, no entanto, esse estímulo pode causar um aumento nos níveis gerais de preços – inflação – trazendo a necessidade de novos ajustes na taxa Selic.
Apesar da simplificação descrita acima, a definição da taxa de juros é bastante complexa e envolve elementos da política fiscal e cambial do país. Fatores econômicos locais e internacionais também afetam as decisões da autoridade monetária, principalmente quando provocam desequilíbrios ou produzem efeitos persistentes.
Eventos inesperados podem provocar impactos tanto na oferta como na demanda de bens e serviços. O mais habitual, é que haja “choques” de oferta ou “choques” de demanda, sendo raros os casos em que há uma combinação de ambos. Um exemplo recente de choque de oferta e demanda foi provocado pela pandemia de Covid-19.
Além dos problemas causados na cadeia produtiva, que levou a uma queda na produção e, consequentemente, na oferta de produtos e serviços, houve também uma redução no consumo das famílias e no investimento por parte das empresas, afetando a demanda.
Para combater os efeitos sociais desse evento inesperado, governos do mundo inteiro adotaram medidas de estímulo ao consumo. Devido às dificuldades na retomada da atividade econômica global, no entanto, essas ações acabaram levando a um aumento na inflação em praticamente todos os países.
Com isso, os bancos centrais passaram a ajustar suas taxas de juros buscando combater os efeitos nocivos da inflação. Isso ilustra o caráter cíclico e dinâmico desse processo que produz efeitos na atividade produtiva e, consequentemente, nos níveis de emprego e renda.
Entender como as mudanças na taxa de juros afetam as finanças pessoais e as decisões de consumo e poupança é essencial para tomar decisões acertadas, garantindo o bem-estar e a prosperidade.