Educação financeira e Securitária
Erros ao planejar a sua aposentadoria
Pensamos na aposentadoria como o prêmio de toda uma vida de trabalho. É o momento de desfrutar do tempo livre e de qualidade, dedicar-se aos seus hobbies, ficar com a família ou viajar.
Para que isso efetivamente seja assim, é necessário um certo grau de planejamento. E é aí que a maioria dos brasileiros erra. Consideramos que desfrutaremos de uma aposentadoria dourada, aconteça o que acontecer. A realidade, no entanto, é que raramente isso ocorre.
Se você deseja escolher como será a sua aposentadoria e não que ela decida por você, há cinco erros que deve evitar. São os erros que a maioria dos brasileiros repetem ao planejar a aposentadoria. Vamos a eles!
Pensar que a previdência pública será suficiente
Qual é a taxa de cobertura da previdência pública? A taxa de substituição das aposentadorias públicas no Brasil gira em torno de 64,8%, conforme dados da OCDE, ficando acima da média dos países monitorados pela organização (58,6%).
Esse dado mede a porcentagem do seu último salário, que a aposentadoria pública cobrirá em média. A porcentagem está muito acima dos 37,3% do Chile e da taxa de substituição de países como Canadá (50,7%) e Estados Unidos (49,4%).
Por isso mesmo, a pergunta não é até que percentual a previdência pública cobre, mas sim até que percentual cobrirá. O debate sobre a sustentabilidade do sistema de previdência público não é novo e faz parte da agenda política.
Além da certeza dos relatórios que duvidam do seu futuro, se você confiar tudo à previdência pública, sua renda durante a aposentadoria não dependerá de você, mas de como essa previdência evoluir. A solução? Buscar um complemento para a previdência pública que sirva como uma reserva de segurança.
Pensar na aposentadoria quando faltam somente alguns anos
Atrasar o início da poupança para a aposentadoria é o segundo maior erro, que se traduz em começar a planejar a aposentadoria tarde demais.
Quando se trata de poupar para o futuro, quanto antes você começar, melhor. O tempo é o maior aliado do poupador particular.
Qual é o melhor momento para começar a poupar? Com o seu primeiro salário, mas se você ainda não poupa, comece agora. Neste artigo você aprenderá como começar a poupar em menos de 10 minutos.
A diferença entre começar a poupar tardiamente ou fazê-lo imediatamente é enorme. Imagine que você começa a poupar 100 reais por mês com 25 anos. Quando se aposentar, aos 65 anos, terá 48.000 reais somente de economias.
Se, além disso, você é capaz de rentabilizar essa economia, os juros compostos farão com que o montante cresça exponencialmente. Com uma rentabilidade de 2% ao ano, você terá 73.932 reais na conta, sem ter que fazer mais nada além de poupar todos os anos.
Comece aos 35 anos e depositará 12.000 reais a menos e 10 anos a menos de juros compostos. O resultado é que desta forma você terá 49.655 reais e deixaria de ganhar 12.277 reais em juros. Essa é a força dos juros compostos combinada com o tempo de poupança e investimento.
Pensar a curto prazo com os seus investimentos para a aposentadoria (longo prazo)
Quanto tempo falta para você se aposentar? Se você foi capaz de evitar o erro anterior, em maior ou menor medida, ainda terá cerca de 20 anos até o momento da aposentadoria.
Um dos erros mais recorrentes ao planejar a aposentadoria é não levar em conta esse horizonte de tempo e investir com foco no curto prazo. O resultado são investimentos conservadores demais, quando a longo prazo o foco do investimento deveria ser obter rentabilidade, pelo menos durante os primeiros anos.
Uma das máximas do investimento é que há uma relação direta entre o risco assumido e a expectativa de rentabilidade que se pode obter. Quanto maior o risco, maiores os benefícios potenciais. Se você for conservador demais, a sua rentabilidade será limitada e terá que depositar mais dinheiro do seu bolso para atingir os seus objetivos financeiros.
Em números, e seguindo o exemplo anterior de uma economia mensal de 100 reais, se em vez de 2% de rentabilidade você obtiver 3%, ao final de 40 anos teria 93.196 reais, quase 20.000 reais a mais, depositando na sua conta exatamente a mesma quantia.
E se você for além? Ocorreria o seguinte:
2% | 3% | 4% | 5% | |
---|---|---|---|---|
Aportes (R$) | 48.000 | 48.000 | 48.000 | 48.000 |
Juros gerados (R$) | 25.932 | 45.196 | 70.592 | 104.208 |
Total (R$) | 73.932 | 93.196 | 118.592 | 152.208 |
Também não se trata de arriscar tudo, mas você deve ter ciência do que obterá em cada caso. No final, o tempo reduz a volatilidade nos investimentos e se você tem tempo pela frente, poderá corrigir possíveis erros.
Não saber o que precisa e subestimar os seus gastos
Um dos erros típicos ao planejar a aposentadoria é não ter claro quanto dinheiro você precisa economizar para ter a renda que sonha.
É comum pensar que os seus gastos serão mais ou menos os mesmos de agora ou menores se, por exemplo, já tiver quitado o financiamento da casa. O problema é que o seu estilo de vida não será o mesmo, e tampouco a sua saúde.
É verdade que você poderá ter a casa paga e que gastará menos em transporte se você não tiver que ir trabalhar. No entanto, também terá mais tempo livre que poderá preencher com viagens, que não é barato, ou em lazer e tempo de qualidade. Pense o que vai querer fazer com tanto tempo livre e verifique o custo da sua escolha.
Algo similar acontece com a sua saúde e os custos de manutenção. Costumamos pensar na aposentadoria aos 65 anos, mas felizmente, continuaremos a fazer aniversário após a aposentadoria. Prever o que poderá gastar aos 65 é relativamente fácil, mas fazê-lo quando tiver 85 anos é mais complicado. Pense que talvez precisará fazer reformas na casa para adaptá-la a diferentes situações de mobilidade reduzida, ou que precisará de uma pessoa que o ajude durante o dia e, possivelmente também à noite. Ou ainda precise pagar uma residência especializada.
Todos estes gastos devem ser levados em conta na hora de planejar a sua aposentadoria, definindo assim quanto dinheiro você realmente precisará se não quiser depender da ajuda do estado.
Não ter um plano que funcione de forma automática
O último erro cometido pela maioria das pessoas é o mesmo que os impede de poupar: não contam com um plano e, se contam, ele não funciona de forma automática.
Quando a poupança ou a aposentadoria dependem da sua força de vontade e de ações que deve realizar mensalmente ao longo de toda a vida, é provável que ela seja interrompida em algum momento e que não volte a ser feita novamente. Um exemplo é a chegada de um filho.
A chave para evitar isso é criar um sistema e um plano que funcionem de forma automática. Muitos dos produtos para a aposentadoria permitem realizar contribuições periódicas de modo que você não tenha que se preocupar em poupar ou investir todo mês ou todo ano. Dependendo das suas circunstâncias, um plano de previdência ou um seguro de vida podem ser o que você procura.